Esqueço as pressas, o relógio que teima em não parar o tempo, o dinheiro gasto impensadamente, as correrias de última hora.
Páro. É véspera de Natal e, após uma última tarefa ali e um ajuste aqui, tudo parece aquietar-se ao meu redor.
Sento-me e, apenas com a luz das velas que fui acendendo pela sala a iluminar-me, deixo-me quedar, admirando o que acabei de preparar.
Agora esqueço tudo o que é material, os presentes embrulhados à pressa, embora escolhidos "a dedo", os telefonemas, os postais, as mensagens. Tudo isto se esvanece no meu espírito e permaneço em silêncio, reflectindo sobre o que realmente conta e de que nos apercebemos, quase sempre, tão tarde.
Não posso trazer de volta a companhia de todos aqueles a quem tanto amo e que, cedo demais ou, quem sabe, no tempo devido, partiram para uma outra vida que não esta a que tão pouco valor e crédito damos. Nâo os posso abraçar, beijar, ver sorrir ou sequer ouvir as histórias sem fim de natais passados, acompanhar a preparação dos doces mais tradicionais, pôr a mesa que assim permanecerá até ao Dia de Reis.
Sinto a vossa falta.
Contudo, em cada chama acesa brilha um sorriso, em cada cintilar um olhar de tanta saudade quanto de esperança e é essa que me move, na caminhada diária que uma vez mais me trouxe até aqui, no percurso que vou trilhando em busca dos objectivos traçados e sempre almejados.
De repente, sinto uma cabeça que roça nas minhas pernas e outra que se enrosca nas minhas mãos.
Não estou só, nunca estive só.
Faço-me companhia neste Natal e, mesmo quando tu não estás, estou cá eu comigo e com as "pestinhas" do costume.
Mais do que quando o Homem quer, o Natal é crer no Homem e nele mesmo.
Um Santo e Feliz Natal!
Rosália, 25/12/2007
Os meus cantinhos