Foram longas as noites em que pensei não mais conseguir erguer a cabeça. Sempre que a porta se fechava, a realidade nua e crua de todo um vazio de razão de ser caía sobre mim. Todos os momentos passavam como um flash no meu pensamento. No final de tudo, pensava e sentia-me como a pior pessoa do Mundo, que não merecia ser feliz nem alcançar os seus sonhos... Foi então que bati no fundo e parei.
Ao cair, abri finalmente os olhos e constatei que a realidade era em muito assim pela minha falta de coragem em mudar o estado de coisas, por pensar demasiado em não ofender, muito menos magoar, quem não se importava sequer com as consequências dos seus actos, desde que estes lhe concedessem o prazer egoísta que procurava alcançar a cada nova investida.
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Parei, mas desta vez lucidamente. Questionei-me sobre a melhor forma de escalar as paredes escorregadias e repletas do musgo de cinco anos de mágoas e ressentimentos, de dor e esquecimento. No último instante, descobri o meu verdadeiro querer, a razão para me guiar a mim mesma e esquecer quem não me merece.
Não quero mais pensar nem cuidar. Não quero mais importar-me, preocupar-me, abdicar de mim em detrimento de outrém. Não por quem escarnece, pisa e goza. Não por quem não merece o melhor de mim.
Quero chegar lá ao cimo, ver a luz, ser capaz de perdoar e de me afastar definitivamente do que apenas me destrói. Quero amar sim, começando por mim, de quem me esqueci durante tanto tempo por pensar que não merecia nada nem ninguém. Quero ter uma vida, um lar, uma família seja ela de sangue ou não; humana ou não , quero sentir-me realizada por mim e para mim, ainda que aos olhos de outrém tudo ou parte do que faço e onde me empenho não tenha valor ou razão de ser.
Egoísmo? Talvez... mas hoje todo o altruísmo de colocar determinadas pessoas em pedestais inalcançáveis e por elas tudo fazer e de tudo abdicar esgotou-se. Não posso mais. Não quero mais. Não faço mais.
Chamem-me egoísta mas, agora, eu estou primeiro!
Posso ainda não acreditar (nem colocar em prática) a 100 por cento, mas lá chegarei... Afinal, nunca é tarde para começar.
A ti digo-te apenas adeus. Cinco anos pesam muito, demais... Desejo que sejas muito feliz, acima de tudo que cresças e aprendas que, neste mundo, até os peões de um jogo de xadrez se cansam de ser constantemente manipulados.
Rosália, 07/09/2006
Os meus cantinhos