Como o tempo passa... Eis-me prestes a voltar ao trabalho (agora que já me tinha habituado a estar de férias!), a apenas um mês de completar mais um aniversário (será que é desta que tenho a tão almejada festa-surpresa?) e a pensar, apesar do calor absurdo para a época, que não tarda muito e estamos no Natal. Lembro-me de ser pequenina e o tempo demorar imenso a passar. Depois, de chegar ao fim dos meus teen years e de a minha mãe me dizer: "Depois dos 20, vais ver como eles (os anos) voam!" E não é que ela tinha razão?
Hoje sinto-me absurdamente nostálgica e melancólica... Não sei se é do fim das férias, se de pensar que já estamos em Outubro mas, assim de repente, do meio do nada, bateu-me uma saudade profunda de duas das pessoas mais importantes da minha vida que já partiram e que, por vezes, tanta falta me fazem... nem que fosse para refilarmos e resmungarmos entre nós. Sinto muito a falta da minha mãe (já vai fazer seis anos que partiste e, por vezes, parece que foi ontem que te amparei pela última vez) e do meu avô (o meu resmungão engenhocas preferido) e o mais engraçado é que a mesma se manifesta nas mais pequenas e insignificantes coisas do dia-a-dia. E do nada surge a malvada saudade que me deixa alheada, triste, quase perdida de mim mesma.
Caio de volta na realidade e procuro o aconchego do meu amor, a cumplicidade dos meus amigos e o mundo ganha de novo cor, forma e equilíbrio. Sei que, independentemente da saudade, a vida continua e há que aproveitá-la da melhor forma. Perda após perda, vamos vivendo, sobrevivendo e prosseguindo. Afinal, o mais importante é que não nos percamos de nós mesmos nem do amor e carinho de quem nos quer bem.
Só tenho pena que, por vezes, haja quem não o consiga ver com esta clareza e desperdice inultimente cada minuto desta vida tão preciosa. Sei que o desperdício, esse, parará um dia... Só espero é que não tenha um custo ainda mais elevado do que já atingiu, pois nada nem ninguém merece tal sacrifício.
A vida é feita de perdas e ganhos. Como tantas outras pessoas, posso dizer que já tenho um bom quinhão de ambos, mas creio que tudo se adapta num equilíbrio precário mas justo. Perdi toda a minha família (começando pelo meu pai, passando pela minha avó e a minha mãe, acabando no meu avô), mas encontrei o meu amor (e a minha segunda família junto dele) e tenho aquilo a que se chama uma mão cheia de amigos, poucos mas bons, dignos do verdadeiro "A" que marca uma amizade indelével.
No outro dia fizeram-me a pergunta mais estranha: "Como é que tens força?" Fiquei pasma. Eu sei lá! Nem sequer soube responder. A minha mãe ensinou-me que não devemos questionar o que nos acontece, antes aprender a partir daí e prosseguir tendo em mente o que aconteceu mas não nos deixando prender por isso, para que possamos evoluir e crescer. Acho que foi isso que sempre fiz desde há 19 anos atrás, numa tarde de Agosto, em que soube que o meu pai partira para não mais voltar. É certo que não é um caminho fácil e maus bocados também me tocaram, alguns bem difíceis de ultrapassar e, quando estive quase a desistir, houve um punhado de pessoas que não me deixaram, mesmo que não o tivesse visto ou reconhecido de imediato. E estou aqui...
Entristece-me ver quem por muito menos se deixa abater ao ponto do desespero, ao ponto da desorientação, da surdez para com os outros. Entristece-me a cegueira perante o óbvio, o silêncio perante o ruído do inegável. Entristece-me ver quem por mim lutou e me ajudou a deixar-se consumir por algo efémero, fugaz e imerecido... Entristecem-me a tristeza e o desnorte e a minha própria impotência perante tudo isto.
Apetece-me dizer: "Abre os olhos. Deixa essa dor, esse sofrimento que nada mais têm a dar-te, firma os teus pés na terra, apoia-te naqueles que mais te amam, nos amigos que tens e segue em frente. Não alimentes mais essa tristeza sem nome." Mas para quê? Não quero desistir de ti, mas não me escutas e, agora, nada mais posso fazer.
Agarra a vida... Ela é tão curta, tão fugaz. Cabe-nos a nós aproveitar tudo o que dela possamos retirar e vivê-la da melhor forma possível. Eu estarei aqui... sempre.
Afinal, acabaram-se as férias... e estou de volta ao mundo real.
Boa semana a todos.
Rosália ***
Os meus cantinhos