No frio da noite cobrimo-nos com os retalhos dos sonhos das vidas dos dois que, juntos, formam o lençol de nós.

Em cada costura, em cada ponto dado, desenham-se momentos e emoções, histórias e sensações por que passámos enquanto unos num só.

Neste pedaço de tempo e espaço sob o qual nos enlaçamos, surge, na sua mais pura essência, tudo o que dos outros e quase sempre até de nós ocultamos, em sinergias singulares de vivências com que nunca ousámos sequer sonhar e que, agora, criamos ininterruptamente.

Sob o manto estrelado que não vemos, mas nos fazemos tocar a cada instante, pintamos telas infinitas de mim, de ti, não sabemos ainda se de nós num mesmo cenário futuro e indizível.

Assim ficamos no frio da noite, cobertos com os retalhos daquele que é o lençol de nós.

Rosália, 06/01/2008