Este é o meu refúgio, o meu abrigo. Aqui espelho o meu eu, sob a forma dos meus pensamentos feitos palavras...
Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2006
Porque os animais são nossos amigos

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Quem me conhece sabe que não gosto nada de gatos... sou absolutamente "louca" por eles! Desde sempre gostei de animais, mas tirando algumas aves e certos peixes (os últimos com tendências suicidas... encontrávamo-los mortos no meio do chão da cozinha), nunca me foi permitido ter um companheiro "de quatro patas".


Consta-se que ainda pequena me agarrava a todos os bichinhos, especialmente a cães e pedia aos meus pais para os trazer para casa... Nada feito. A minha mãe recusava-se vivamente a ter um cão dentro de um apartamento de três assoalhadas (e fazia ela muito bem, pois as condições para o pobre animal não seriam mínimas, dado o pouco espaço e a única varanda ser muito fria e desabrigada) e não gostava de gatos. Bem... não era não gostar... Não se entendiam, pronto.


Tudo piorou depois de apanhar um grande susto com um enorme Lobo de Alsácia (um bocadinho maior do que um pastor alemão e mais peludo) que, querendo brincar com aquela menina gorducha e pequenina que ia a passar ao pé do portão da vivenda onde ele morava, decidiu encurralar-me no meio das suas patas, através do gradeamento, enquanto ladrava furiosa e ruidosamente. Só me lembro de duas coisas: de estar no alto do colo da minha avó, agarrada a ela, a chorar baba e ranho, cheinha de medo; da dona do Zuki (era este o nome do canzarrão... no fim doce e meigo que só ele!) vir ao pé de nós, pedir desculpas e abrir o portão para mostrar que ele não fazia mal.


Jà naquele tempo (há uns vinte e poucos anos atrás) havia uns meninos maus que, no caminho da escola, costumavam atirar pedras ao animal e ele começou a reagir mal a quem passava muito rente ao portão. Acreditem ou não, a partir desse dia, ganhei pavor aos cães, chegando mesmo a mudar de passeio ou caminho se algum se cruzasse no meu caminho... grande ou pequeno, não importava. O único de quem nunca tive medo foi do Zuki, que morreu já muito velhinho e não mais tornou a ladrar-me, vindo sempre até ao portão para, ao longo do meu crescimento, me lamber a mão e depois os dedos (conforme eu ia crescendo, o espaço para enfiar os ditos entre o gradeamento escasseava ;) ). Era o que pode chamar-se de bom gigante, pois apesar do tamanho revelou-se de uma ternura irresistível.


A vida dá muitas voltas... Depois de perder o meu pai, mudámos para casa dos meus avós, no apartamento ao lado :). Tínhamos mais uma divisão, é certo, e duas varandas em vez de uma (uma delas foi posteriormente transformada em marquise), mas continuei a não ter ordem de possuir cão ou gato. A casa rapidamente ficou muito cheia, com a mobília de dois apartamentos confinada a apenas um.


Ainda assim, confesso que não me posso queixar muito: O papagaio que havia sido da minha mãe quando ela era pequena veio viver connosco por uns tempos. Chamava-se Zé Carioca, era verde e tinha penas amarelas e encarnadas nas asas, gritava o nome da minha avó e do meu padrinho e trepava pelo meu braço. Depois de uma temporada, voltou para casa dos meus padrinhos (que tinham quintal), porque dava algum trabalho e com a doença da minha avó as coisas ficaram complicadas por aqui... Afinal, o animal não tinha culpa e havia um sítio (onde já tinha vivido) onde decerto ficaria melhor. O velhinho Zé Carioca morreu há quatro anos, com mais de 50 anos de idade, e nunca deixou de chamar pela minha avó...


Algum tempo e mais umas tantas perdas depois, fiquei só com o meu avô. Quis o destino que alguém abandonasse uma gatinha preta com apenas duas semanas de vida e muito doentinha à porta de uma amiga e colega de trabalho... Surgia assim a Brida na minha vida. Podem saber mais sobre ela aqui.


Desde o dia em que ela cruzou a soleira da minha porta que a minha vida mudou para sempre. Hoje a lotação está esgotada, estando o espaço aqui de casa (muito mais amplos depois de umas quantas escolhas e remodelações... que ainda não acabaram!) dividido por sete bichanos, apenas dois com duas patas ;))). O hóspede mais recente e inesperado chegou em meados de Novembro do ano passado e foi a minha prenda de anos atrasada. É um terrorista, mas que tem tanto de traquinas como de meigo e conquista-nos à primeira "turra" ou gracinha.


"Afinal, qual será o objectivo deste post?", perguntarão. Eu sei, como sempre escrevo muito ;)...


Intitulei este post Porque os aniimais são nossos amigos... porque (passe a repetição) hoje adicionei finalmente alguns links novos ao meu cantinho. Assim, do vosso lado esquerdo, em baixo, encontrarão o destaque Blogs Amigos dos Animais; destes links, uns são blogs, outros sites, possuindo todos eles em comum a defesa dos direitos dos animais, que infelizmente não têm voz para se defender num mundo cada vez mais cruel (se o é para nós, então para eles...). Em alguns, podem encontrar apelos, anúncios, relatos...


Sei que o tempo hoje em dia é algo precioso e que urge aproveitar... Para estas vidas de que aqui falo, também o é. Sinto-o sempre que olho para os meus "meninos", que felizmente têm donos que lhes querem muito e tentam fazer tudo o que podem para que nada lhes falte... hoje e sempre, especialmente agora que tanto frio faz lá fora.


Por isso, peço-vos: Dêem um pouco de vós, arranjem um espacinho nessa vossa agenda sempre tão apertada e preenchida (nem que sejam "só" cinco minutos) e visitem cada um destes cantinhos atempadamente, especialmente aqueles que visam ajudar animais menos afortunados do que os meus ou os vossos.


Neste momento, é-me impossível, por razões várias, mas acima de tudo por uma questão de espaço e a posse de um mínimo de condições para todos, acolher ou adoptar mais algum animal. Não posso ainda ajudar de outras formas (talvez um dia; se me sair o Euromilhões, é já amanhã!), mas lembrei-me de fazê-lo assim: Por favor, leiam e divulguem. De Norte a Sul, há sempre uma mão amiga ou um gesto solidário que podem fazer a diferença.


Não nos custa nada... Afinal, esta blogosfera é tão grande... E os animais, esses, retribuem-nos quando menos esperamos e das formas mais incríveis. Como costumo dizer, há animais que têm mais de humanidade do que certas pessoas.


Fiquem bem e bom fim-de-semana :*)))


 


PS: Só uma curiosidade... Não, ainda não perdi completamente o medo dos cães, mas trago dois no coração - o Bobby (da minha sogra), que é um matulão enérgico, ladra que se farta, é maluco mas supermeiguinho e companheiro; e o Rocky, um Serra d'Aire/cão de água, da minha "mana emprestada", que ela e o marido acolheram e é um cão "cinco estrelas", sempre enérgico e bem-disposto.



publicado por scorpiowoman às 17:18
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Domingo, 22 de Janeiro de 2006
Interrupções...


Quantas vezes não nos sentimos assim aqui por casa... Em vez de uma Peekaboo, temos a Brida (muito senhora do seu nariz, que adora o colinho da dona), o Merlim (autêntico poço de mimo e um gatão com sete quilos de peso!), o Pantufinhas (brincalhão com veia terrorista), a Pataró (a nossa princesinha que se derrete em meiguice) e o Kiko (que, sendo o mais novo, adora roer atacadores e fazer "trinta por uma linha").


Quando todos eles decidem fazer das suas, temos tendência a esquecermo-nos um pouco um do outro... ou a embirrarmos mutuamente. Confesso que esta última vertente, por vezes, acentua-se um bocadinho. Ainda assim, sabemos que mesmo nos momentos menos bons há algo muito forte que nos une e nos mantém juntos: um amor maior do que todas as desavenças, baseado na confiança, no respeito mútuo por ambos e pelo outro enquanto indivíduo.


Ao olhar para o lado, por vezes deparo-me com quadros menos felizes, situações assustadoras; nessas alturas, penso na sorte que tenho, em quão pouco inteligente sou por me indignar ou irritar com coisas de importância ínfima, em ser mesquinha com pormenores insignificantes.


Obrigada Ana por me fazeres pensar no que realmente importa e me mostrares (ainda que através de uma simples tira de BD) que, na verdade, por muitos obstáculos que possam existir, às vezes o amor entre duas pessoas só está completo quando estas sabem vivê-lo e partilhá-lo... mesmo que, por enquanto, seja "apenas" com cinco "pestinhas" capazes de as levar à loucura!


Bom fim-de-semana!


Rosália :*)



publicado por scorpiowoman às 00:14
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Terça-feira, 17 de Janeiro de 2006
Reflexões...

soneca.jpg


 


Foi um regresso esperado, porém temido; desejado e, ainda assim, quase escondido, até de mim.


Não consigo descrever a sensação de voltar a conduzir por entre o movimento confuso e barulhento da hora quase de ponta; tornar a batalhar por aquele lugar escondido, onde o carro cabe quase ao milímetro e esperar que ninguém o veja antes de mim; subir a antiga e alva escadaria e descobrir o amplo espaço do enorme hall interior renovado e muito mais luminoso; encontrar caras familiares, que se aproximam inesperadamente e questionam o por quê de tão longa ausência ou, curiosidade à parte, mostram contentamento por me ver ali, de novo entre elas.


Sei que hoje tudo se repetirá, quase à mesma hora, passando pelos mesmos sítios, encontrando muitas daquelas pessoas, vendo outros tantos sorrisos, mesmo pelo meio da maioria dos rostos carregados e sisudos.


Volto a parte da minha rotina, aquela de que, confesso, mais falta senti. Torno a sentir a picada do bichinho do saber e procuro questionar mais, aprender mais.


São muitas as alturas em que me interrogo sobre as minhas reais capacidades de atingir esta meta (para mim tão importante) que me impus. É nestas circunstâncias que - independentemente do facto de o timming das mesmas ser mais ou menos adequado - paro e procuro reflectir. Surgem então todas as dúvidas e incertezas; todos os medos e papões. O que fazer? Como prosseguir? Serei capaz?


Para todas estas perguntas, todas elas deveras assustadoras, tenho apenas uma resposta: Por muito que não acredite, que a minha auto-estima se degrade ou a confiança ceda, o único caminho que posso traçar, com mais ou menos obstáculos, é em frente, pois é o único plausível, credível e, para mim, aceitável. Hesitações aceitam-se; dúvidas compreendem-se; paragens definitivas não são permitidas, pois as mesmas seriam negar e contrariar a minha própria natureza irrequieta. De facto, sou incapaz de me deter muito tempo sem que tal implique algo de novo, que me preencha.


Em conversa com uma colega e amiga, tomei conhecimento da existência de um livro intitulado O Melhor Ano da Sua Vida. Pare de Sonhá-lo. Comece a Vivê-lo, ou algo muito parecido. Sempre me interroguei bastante sobre a realidade prática de livros como este e que tipo de carácter - essencialmente de auto-ajuda e fonte de crescimento pessoal - possuem no nosso quotidiano.


Não faço (nem ouso sequer ter tal intenção) juízos de valor sobre quem os escreve ou os leitores dos mesmos, mas questiono a sua utilidade. Lembro-me, inclusive, de uma vez me terem oferecido um livro do género - algo do estilo Como Tornar-se Uma Pessoa ou Melhor ou parecido - e do esforço que fiz para, perante a ofertante, não evidenciar o profundo desagrado que tal presente me causou.


Acredito que, para quem creia ou procure determinadas respostas (nem que seja apenas um melhor método de organização pessoal), estes "manuais" sejam úteis e, inclusive, forneçam meios aos seus leitores para que encarem o respectivo dia-a-dia de uma forma mais positiva e/ou gratificante. Porém, continuo a crer firmemente, ainda que, por vezes, não o pareça, que o nosso caminho, o nosso destino (se assim o entendermos), somos nós quem o traça; por mais livros, amigos, conselhos que existam, parte de nós a vontade de enfrentar, de viver e usufruir a vida e a decisão de como fazê-lo.


Quem me conhece sabe que mais facilmente encontro a dificuldade por entre mil e uma facilidades do que o oposto. Essa é, porém, a minha luta: Mudar este aspecto de mim, que considero menos bom, e encarar a vida pela positiva. Não é fácil, mas sem dúvida que torna tudo bem mais simples e confere aos obstáculos, que sempre surgem, um carácter ultrapassável e momentâneo.


Se me pedirem um exemplo, digo que o encontram neste simples texto, escrito na mesa de um simples café, esperando pelo meu amor. Estas linhas são fruto de alguma reflexão que me demorou anos (isso mesmo, anos) a realizar. A vida não é fácil e creio que todos concordamos com esta afirmação mais do que batida. No entanto, cabe-nos a nós decidir e escolher como queremos vivê-la.


Ainda que nem sempre me apeteça rir e muitas outras as lágrimas rocem os meus olhos, aprendi algo que, não sendo, de forma alguma, um caminho para a desresponsabilização ou sequer desculpabilidade, se define como: "Não pensar demais." É esse o segredo, pois, afinal, as coisas só têm, de facto, a importância que lhes atribuímos. Este é, para mim, o segredo. Demorei muito a desvendá-lo mas, agora, permitiu-me sorrir outra vez e, acreditem ou não, há quem agradeça muito por isso. Eu sou a primeira!


Boa semana para todos!


Rosália :*)



publicado por scorpiowoman às 16:25
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Terça-feira, 3 de Janeiro de 2006
Ano Novo...

2006.jpg


Páro. Escuto. Olho.


Preparo-me para atravessar mais uma passadeira da vida.


Por entre as riscas de cada ano que piso, novos passos são dados.


Uns ficam marcados, sob a forma de pegada indelével desta memória que é tão minha quanto nossa, agora.


Outros não consigo, quero ou ouso recordar. Ficam lá atrás, no passado, onde pertencem e tiveram o seu justo (ou será injusto?) tempo.


Olho. Escuto. Permaneço parada.


Começou a contagem.


Segundo a segundo decresce o ano e uma parte da própria vida esvai-se no mesmo. Deixo-me ir, levar pelo som ensurdecedor do que e de quem me rodeia.


Movo-me enfim, numa euforia surda que me cega.


Ei-lo que chega, um novo passo, uma nova risca desta zebra infinita que comecei a cruzar há já tanto tempo que quase não consigo recordar.


Beijo-te ao som do eco da tua voz e olhando o teu rosto luminiscente.


Estou feliz...


 


Rosália :*)


 



publicado por scorpiowoman às 18:08
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