Sentada no miradouro, repouso uns instantes sob a luz intensa e o calor inesperado do sol primaveril. O astro-rei brilha lá no alto do seu universo, que é, afinal, também o nosso, espelhando os seus poderosos raios no azul infinito do oceano que, ao longe, se espraia languidamente e se assemelha à doçura do teu olhar. Assim vistos, os raios solares parecem os teus braços, ternos e acolhedores, que me envolvem num abraço aconchegante de afecto e ternura.
Aqui mesmo, ao pé de mim, sob os pés que balanço indolentemente ao sabor da quase imperceptível brisa que se faz sentir e abranda gentil e suavemente o quente da tarde, estende-se um manto verde impressionante, salpicado por breves mas intensos apontamentos de cor, que mais não são do que flores, graciosas e gentis, que emprestam um pouco da sua beleza a este momento quase perfeito de uma tarde calma de domingo. Olho-as e imagino-as sob a forma de um vestido, com o qual me cubro perante o teu olhar doce e curioso, como se as abelhas que nelas pousam em busca de pólen fossem os teus dedos a percorrer-me, descobrindo-me a cada pétala, por entre cada folha.
É neste momento assim, de uma harmonia imensa, sentindo-me calma, tranquila e serena, que olho uma vez mais o oceano. Ao ver as ondas, lembro-te junto a mim e como sempre nos deixamos enredar por entre uma maré de sentir.
Ao sabor do momento, sinto-o quase perfeito.
Quase mesmo.
Perfeito seria se aqui estivesses.
Saudade.
Rosália, 30/04/2007
Às vezes sinto-me assim, como se nem na eternidade nos pudéssemos finalmente encontrar.
Deixo-me então mergulhar na tristeza e apenas uma leve flor de esperança sobrevive ao cinzento dos dias.
Às vezes sinto que não há tempo nem espaço para nós, apenas pertencemos ao sonho e ao desejo.
Não fazemos parte da realidade concreta, apenas de uma felicidade sonhada.
Às vezes sinto que esta espera nada mais é do que infrutífera e dolorosa.
Ainda assim permaneço.
Espero.
Não o farei para sempre.
Rosália, 29/04/2007
Who Wants To Live Forever
(Brian May)
Theres no time for us
Theres no place for us
What is this thing that builds our dreams yet slips away
From us
Who wants to live forever
Who wants to live forever....?
Theres no chance for us
Its all decided for us
This world has only one sweet moment set aside for us
Who wants to live forever
Who wants to live forever?
Who dares to love forever?
When love must die
But touch my tears with your lips
Touch my world with your fingertips
And we can have forever
And we can love forever
Forever is our today
Who wants to live forever
Who wants to live forever?
Forever is our today
Who waits forever anyway?
Porque me apetece que estivesses aqui.
Porque sinto falta do teu corpo junto ao meu.
Porque te a... doro.
Rosália, 28/04/2007
Canção do Engate
(António Variações)
Tu estás livre e eu estou livre
E há uma noite para passar
Porque não vamos unidos
Porque não vamos ficar
Na aventura dos sentidos
Tu estás só e eu mais só estou
Tu que tens o meu olhar
Tens a minha mão aberta
À espera de se fechar
Nessa tua mão deserta
Vem que o amor
Não é o tempo
Nem é o tempo
Que o faz
Vem que o amor
É o momento
Em que eu me dou
Em que te das
Tu que buscas companhia
E eu que busco quem quiser
Ser o fim desta energia
Ser um corpo de prazer
Ser o fim de mais um dia
Tu continuas à espera
Do melhor que já não vem
E a esperança foi encontrada
Antes de ti por alguém
E eu sou melhor que nada
Refrao (3x)
Deixo-me perder até à eternidade.
Flutuo e sou simplesmente eu.
Toco-te e sinto-te a percorreres o meu corpo falando uma linguagem só nossa.
Mergulho em ti e paro o tempo.
Encontro o meu porto de abrigo, o meu refúgio, o meu lar.
Sou feliz.
Rosália, 25/04/2007
É assim, como uma flor que lentamente se abre para a vida, desperta para o orvalho da manhã, que enfrento os novos dias que se avizinham e insisto uma vez mais.
É assim, como uma flor desperta pelo orvalho da manhã, que me encontro e recomeço, ainda que a tua lembrança esteja permanentemente em mim.
Rosália, 22/04/2007
Às vezes, apetece-me baixar os braços e simplesmente desistir de continuar a lutar.
Sinto que não tenho mais forças para ultrapassar todos os obstáculos.
Simplesmente, não tenho mais palavras que consigam descrever todo este turbilhão que me atormenta.
Daria tudo para te ter nos meus braços uma vez mais apenas, tocar-te, sentir-te.
Quem sabe então esta dor da ausência de ti fizesse sentido.
Como uma estrela no céu, procuro o meu lugar neste universo, ainda que não ao teu lado.
Talvez esse sítio não exista.
Talvez seja eu quem não faz falta.
Não sei.
Neste momento, tudo é escuridão e procuro uma luz.
Em vão?
Não sei.
Diz-me tu.
Iris
(Goo Goo Dolls)
And I'd give up forever to touch you
Cuz I know that you feel me somehow
You're the closest to heaven
That I'll ever be
And I don't wanna go home right now
And all I can taste is this moment
And all I can breath is your life
And sooner or later its over
I just don't want to miss you tonight
I don't want the world to see me
Cuz I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am
And you can't fight the tears that ain't coming
Or the moment of truth in your lies
When everything seems like the movies
Yeah you bleed just to know your alive
I don't want the world to see me
Cuz I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am
Perdida no azul, sinto-me minúscula perante a imensidão que se espraia diante do meu olhar.
Fitando o horizonte, sinto a ténue junção do céu e do mar em todo o meu ser.
As nuvens cobrem então o meu corpo, como se feito de espuma e sal.
Deixo que as ondas me elevem e transportem ao sabor da maré, do destino desconhecido que é neste momento a minha vida.
No meu rosto, o toque gentil da brisa transforma subtilmente a água das minhas lágrimas em carícias muito semelhantes ao teu toque.
Harmonia. Calma. Serenidade.
Um momento quase perfeito.
Saudade.
Cada vez mais forte e maior da falta que sinto do azul que há em ti e és tu.
Rosália, 19/04/2007
face=verdana size=2>Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luiz de Camões
Sinto-me assim, à espera do momento certo para florescer e me sentir de novo mulher.
A preto e branco, aguardo pelas cores que irão um dia colorir as pétalas dos meus dias.
No meu canteiro, no meu mundo, aguardo pelo fiel jardineiro que de mim trate e cuide, protegendo-me das intempéries mas não me colocando uma redoma, ajudando-me a superar os dias com menos sol, fazendo-me aprender por mim e para mim a usar os meus espinhos contra quem me magoa, evitando ferir-me a mim mesma.
Sinto-me assim, à espera...
Rosália, 12/04/2007
À semelhança do que se passa além daquela janela, através da qual estendo o meu olhar e tento distrair o espírito no estreito horizonte que se me apresenta, também eu me sinto indecisa entre sol e chuva, sorrir ou chorar, cantar ou calar.
Ainda há pouco, quando caiu um aguaceiro torrencial, a imagem do céu cinzento e da chuva a bater fortemente contra os vidros do edifício em tudo foi semelhante às lágrimas que todos os dias derramo (ainda que muitas vezes sem as mostrar ou sequer libertar) com a intensidade das saudades que sinto de poder estar junto a ti, tocar-te e abraçar-te muito, durante todo o tempo que me (nos) apetecesse.
Embora te sinta mais perto, questiono se será apenas a minha vontade de ti que me ilude e me faz aproximar ou se, de facto, é essa a realidade.
Podes não acreditar, mas temo o nosso reencontro, aquele que nunca mais tem lugar. Temo o lugar, o momento, as circunstâncias... Temo a tua reacção e ainda mais a minha, pois sei que será de extremos, entre correr para os teus braços, abraçar-te e não te largar ou simplesmente ficar parada, estática, sem conseguir falar ou mexer-me, sem saber o que fazer.
Essa é a maior realidade de todas. Não saber o que fazer.
Dizem que tudo vale a pena, mas eu, sinceramente, não sei se assim é. Já tentei esquecer-te, apagar-te da minha memória, mas isso apenas serviu para me fazer sentir ainda mais (como se tal fosse possível) a tua falta.
Agora, convivo diariamente (como sempre o fiz) com a tua lembrança, o sabor dos teus abraços na minha pele, o som da tua voz na minha mente, o calor do teu toque no meu corpo, a visão do teu olhar sereno e tranquilo, ávido de curiosidade por mim (nós?) a cada instante, as palavras que trocámos e ainda mais as que calámos, pelo receio mais puro e genuíno de pronunciarmos algo de que nos pudéssemos mais tarde arrepender, ainda que sabendo que era (é?) o que ambos pensávamos e sentíamos.
Sei que nunca pronunciarei estas palavras, que nunca as ouvirás ou sequer lerás.
Nunca digas nunca, diziam-me.
Será?
Rosália, 11/04/2007
Os meus cantinhos