Vela o desejo de um toque quente, o anseio pelo refúgio que só o calor da pele concede.
Ecoam as palavras mudas, pronunciadas entre gestos quedos e tranquilos que só a cumplicidade de uma intimidade de há muito sentida e tida permite, aquela que desvendámos desde o primeiro instante.
Nada te peço e tudo te entrego, enquanto no silêncio se escuta o poema de uma melodia perfeita.
Rosália, 29/09/2007
(Jorge Palma)
Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Não falar, por vezes, é melhor do que pronunciar palavras não sentidas.
Não escrever, outras vezes, é melhor do que fazê-lo sem sentido.
Não publicar durante algum tempo, neste caso, é sinónimo de que as férias finalmente chegaram e, com elas, algumas (boas) surpresas.
Já o diziam os antigos: "Não há bem que sempre dure nem mal que se não acabe."
Até breve!
Rosália, 23/09/2007
Era uma vez uma menina de oito anos que, dizia-se, saiu de casa da sua mãe para lhe fazer um recado.
Era uma vez uma menina de oito anos que, denunciou-se, desapareceu sem deixar rasto.
Era uma vez uma menina de oito anos cuja mãe, chorosa, surgiu em todos os noticiários e meios de comunicação social, chorosa, afixando cartazes apelando à descoberta do paradeiro da filha.
Era uma vez uma menina de oito anos que, descobriu-se, foi morta por quem a gerou (como chamar-lhe "mãe" agora?) e pelo padrasto.
Era uma vez uma menina de oito anos cujo desaparecimento mediático nunca foi acompanhado pela Imprensa estrangeira, cuja existência o Papa provavelmente desconhece, que era portuguesa e foi brutalmente morta pela pessoa em quem mais devia confiar, sem que alguma vez tivesse sido posto em causa o trabalho de uma força de segurança, cuja falta de meios não foi então questionada e cujos resultados da investigação tardaram mas chegaram.
Era uma vez uma menina de oito anos de cuja mãe ninguém disse "eu não quero acreditar que tenham sido os pais, pois, se isso aconteceu, onde chegará a Humanidade?", porque esta menina era portuguesa, pobre e não inglesa, filha de médicos ingleses.
Era uma vez a Joana, uma estrela que brilha com mais força nos nossos céus de há quatro anos para cá e de quem, hoje, (quase) ninguém se lembra.
Fica em paz, Joana.
Rosália, 12/09/2007
Fugir desta multidão urbana e medíocre que me sufoca e encontrar finalmente a paz nos meus dias.
Viver para mim e realizar os meus sonhos.
Ser feliz.
Um dia.
Rosália, 07/09/2007
Anywhere
(Evanescence)
Dear my love, haven't you wanted to be with me
And dear my love, haven't you longed to be free
I can't keep pretending that I don't even know you
And at sweet night, you are my own
Take my hand
We're leaving here tonight
There's no need to tell anyone
They'd only hold us down
So by the morning light
We'll be halfway to anywhere
Where love is more than just your name
I have dreamt of a place for you and I
No one know who we are there
All I want is to give my life only to you
I've dreamt so long I cannot dream anymore
Let's run away, I'll take you there
Forget this life
Come with me
Don't look back you're safe now
Unlock your heart
Drop your guard
No one's left to stop you
Forget this life
Come with me
Don't look back you're safe now
Unlock your heart
Drop your guard
No one's left to stop you now
Às vezes gostava de voltar a ser assim pequenina e ver-me de novo nos teus braços.
Deslumbrar-me com a tua altura, para mim imensa, e escutar a tua voz doce e forte enquanto olhava fundo nos teus grandes olhos castanhos.
Sentar-me no aconchego do teu colo e saber que ali nada nem ninguém me magoariam pois tu não deixarias. Enquanto te foi possível, nunca deixaste.
Sinto tanto a tua falta, ainda que muitas vezes possa parecer que não.
Sabes, às vezes também eu volto a ser pequenina, mas tu já não estás aqui.
Rosália, 05/09/2007
A uma menina-mulher muito especial, cuja alegria de viver quase parece irreal.
A uma menina-mãe cuja escrita me emociona tanto quanto inspira.
A alguém que um dia me disse para inventar novos sonhos com a sabedoria de quem em pouco já viveu muito tempo.
Parabéns Beguinha!
Possam as tuas asas ser eternas e os teus voos plenos de alegria e mil cores por entre os céus deslumbrantes da inspiração de uma vida que se sonha longa e repleta de encanto.
Rosália, 02/09/2007
Dizem que "depois da tempestade, vem a bonança".
Afirmam que "não há bem que sempre dure nem mal que se não acabe".
Eu fico feliz por saber que quando o céu está negro como breu de um lado e imensamente azul do outro, posso encontrar um arco-íris vibrante e cheio de vida pelo meio, que dá mais cor à minha alegria e me faz esquecer as tristezas ("não pagam dívidas").
Rosália, 02/09/2007
Os meus cantinhos