Na noite de 24 para 25 de Dezembro de 2008, tive o privilégio de encontrar conforto à beira de uma mesa que não a minha, mas cheia de mim para mim e para quem me acolheu... Preparei pela primeira vez arroz-doce e farófias e, entre o paladar crocante (de cru) do primeiro, e o molho espesso e guloso das segundas, pude degustar, no verdadeiro sentido da palavra, da riqueza da companhia e do calor humano de quem me quer bem e a quem quero muito bem... Entre a comida que aqui não se vê, a Missa do Galo (na qual me estreei) e a troca de simples mas muito queridas lembranças, posso afirmar que este foi, seguramente, um dos natais mais felizes dos meus últimos anos... Enquanto o espírito de partilha se mantiver, o amor, a amizade e a alegria de podermos estar junto de quem gostamos permanecerem, venham mais natais assim e serei, sem dúvida muito felilz.
Contudo, a bem da verdade se diga que não é só na noite em que nasceu o Menino Jesus que nos chegam os presentes...
De facto, hoje, ao abrir a caixa do correio, deparei-me com uma das mais belas prendas que recebi este ano... À parte os postais de outros amigos, também eles deveras importantes para mim, fui presenteada com uma carta como nunca na minha vida recebi ou tive sequer o privilégio de ler, que tenho aqui ao meu lado para reler uma vez mais... uma carta cheia de amor, amizade, carinho, esperança e, acima de tudo, calor humano... e, mais do que meras palavras escritas, uma mensagem... com alma e um desejo que retribuo: Que a vida te sorria sempre, Cristina! Sempre...
Obrigada por teres entrado na minha vida e a teres enriquecido com a tua presença, as tuas palavras e, até mesmo, com os teus ensinamentos de experiência feitos.
Um grande abraço, na certeza de que estarei sempre aqui... no meu cantinho ou, simplesmente, do outro lado do telefone, seja ele fixo ou móvel.
Querido Menino Jesus,
daqui por uns dias celebras mais um aniversário, numa noite que muitos crêem mágica, especial, única.
Esta noite, que se repete há mais de dois milénios, deveria, acima de tudo, comemorar o Teu nascimento e fazer-nos relembrar a importância do mesmo.
Há muitos, muitos anos até talvez tenha sido esse o espírito desta quadra, mas hoje...
Quando eu era pequenina, em casa dos meus pais, a árvore de Natal e o Presépio eram sempre feitos durante o dia 8 de Dezembro, o antigo Dia da Mãe em Portugal.
A Tua era a minha figura preferida e, não raras vezes, a minha Mãe ia encontrar-me a pegar-Te com muito cuidado (para não Te deixar cair) e a falar Contigo, confidenciando-Te os meus desejos de criança para esse Natal, fossem eles a Ternurinha (um bebé chorão, antepassado dos Nenucos de hoje em dia) ou um puzzle, ou um jogo ou, em especial, um livro, que me faziam companhia durante as longas horas de Inverno em que, sozinha, podia assim vaguear pelo mundo da fantasia, muitas vezes na companhia dos meus adorados lápis de cor e de cera e de um bloco de desenhos para colorir ("bem pintadinho dentro dos tracinhos, sem espaços em branco").
Mais tarde, a minha Mãe e a minha Avó ensinaram-me a escrever-Te uma cartinha, para Te pedir aquilo que, depois, encontraria (ou não) junto ao sapatinho que, na Noite de Natal, deixaria na chaminé. Na manhã seguinte, oh! Que surpresa! Embrulhos! E quase todos com o meu nome... Que maravilha! Que doces recordações e bons momentos gravados na memória...
Contudo, o que recordo acima de tudo, não diz respeito a pilhas de presentes ou sequer quantidades absurdas de brinquedos ou objectos supérfluos, antes ao calor da presença de todos a quanto amava (e ainda amo). Lembro a alegria da minha Mãe, que nem nos anos mais triste deixou morrer a magia desta quadra e fez sempre questão de nos manter unidos, com a força que era tão dela e de que sinto tanta falta.
Sei que Podes achar um tanto ou quanto estranho, agora que já não sou uma menina pequenina, mas uma mulher de 32 anos, estar a escrever-Te uma carta neste Natal de 2008, mas, meu Menino Jesus, minha doce companhia, mais do que olhares por mim de noite e protegeres-me durante o dia, peço-Te, por favor, que não deixes morrer em mim, como tenho visto acontecer com tanta gente em meu redor, a magia de comemorar o Teu nascimento por Ti e pelo que, para mim, creio ser mais importante nesta quadra: a família e as pessoas a quem amamos de coração.
Sei que já não tenho os meus mais queridos comigo, que eles estão aí Contigo a olhar por mim, mas achas que te posso fazer, ainda assim, um pedido de Natal?
Eu sei que é capaz de ser complicado e que estas coisas não se arranjam assim de um dia para o outro, mas...
Menino Jesus - e já agora, se aí estiverem e puderem dar uma ajudinha, Mãezinha, Paizinho, Mamã e Avôzinho - este Natal, o que eu gostava mesmo, mas mesmo muito de poder encontrar no meu sapatinho, aquele que vou deixar na chaminé, ao pé dos comedouros dos meus quatro patinhas terroristas e ternurentos, era...
uma família!
Achas que há por aí alguém apostado em encontrar o mesmo que eu? Se sim, podes dar-lhe um empurrãozinho?
Condição sine qua non (desculpa lá a exigência, mas nos dias que correm...): Ser tão ou mais doido do que eu e, já agora, gostar de animais! Sem isso, nada feito!
Obrigada pelo tempo que, certamente, perdeste a ler estas linhas e... já agora... Parabéns!
Afinal, é injusto: Tu fazes anos e nós é que recebemos as prendas!
Por isso, espero que tenhas um excelente dia de aniversário e que, para o ano, haja menos gente a pensar em prendas e mais em pessoas!
Beijinhos e até breve,
Rosália Sousa, 17/12/2008
Neste mundo louco em que vivemos, por vezes esqueço-me de mim, por me lembrar antes de ti ou deles ou ainda dos outros.
Tu vives a correr pensando em ti, sobretudo neles e não esquecendo os outros, mas lá vou ficando pelo caminho.
Já eles estão habituados a que pensem neles e nem sequer se lembram dos outros, que afinal também és tu ou até mesmo eu.
Contas feitas, o tempo é o mesmo mas não estica e as necessidades de cada um são tão díspares que, por vezes, é melhor cada um seguir o seu caminho antes que a falta do que nunca esteve lá condicione o bem que sempre existiu e é imperdível.
Ao mesmo tempo, talvez demasiado filosoficamente (e eu que sempre detestei filosofia), dou por mim a considerar o seguinte...
Todos nós vivemos num mundo de partilha de tecnologia, ficheiros, filmes, músicas, objectos, coisas virtuais ou reais... pouco importa.
Contudo, o que aconteceu à partilha de nós mesmos?
Partilhar sentimentos, valores, crenças... Termos tempo (na verdadeira acepção da palavra, no sentido real, físico) para estarmos com quem realmente importa...
Será que tudo isso está tão ultrapassado que já ninguém recorda, sequer, o que é partilhar...
um sorriso, um abraço ou, tão somente, um pensamento? Um carinho?
Temos cada vez mais e, ainda assim, somos cada vez menos...
É triste.
Rosália, 01/12/2008
Os meus cantinhos