... apetece-me fugir para bem longe daqui, deixar a chuva e o frio para trás, a tristeza e o desalento também.
... apetece-me o sol e o calor de uma paisagem deserta mas cheia de mim, quem sabe de ti ou de nós, o conforto da paz de espírito que teima em não chegar.
... apetece-me deixar de sentir a dor de alma e de espírito que sinto ao fazer o que gosto mas já não me preenche nem faz feliz.
... apetece-me reeinventar-me nesta vida de que gosto mas de que já esgotei o sentimento de novidade e ser feliz.
... apetece-me o sonho inalcançável?
... será possível?
Rosália, 29/01/2009
Sinto saudades de ti e de mim, do tempo em que tudo se resumia a nós e em nós.
Sinto saudades de te ter e de me dar, naqueles momentos em que tudo o mais que não nós era vazio e ar, um vazio que preenchíamos em nós.
Sinto saudades de te ver e abraçar, quando juntos nos perdíamos em abraços infinitos que pareciam não terminar nunca e em que nos dávamos tanto.
Sinto saudades de não ter saudades de ti ou de mim.
Sinto saudades de sorrir, de sentir os olhos brilhar na alegria de te encontrar, no conforto de em ti me aninhar.
Sinto saudades de tudo quanto de bom partilhámos e vivemos, escamoteando aqueles momentos menos bons como se palavras de giz em ardósia se tratassem, gravando antes o sentir no tronco de mim.
Sinto saudades de quando a palavra saudade não tinha um sentir tão profundo, até mesmo triste.
Sinto saudades... de sentir algo que não saudades.
Rosália, 14/01/2008
Nem sempre o pôr do Sol é cheio de mistério e romance, sinónimo de romance ou, até, de redenção.
Alturas há em que nele se espelha uma dor que parece não ter fim, emergindo-me no ocaso de mim, do que sou e sinto.
Porém, há que acreditar que amanhã é um novo dia e, entre lágrimas quase nunca derramadas, descobrir o esboço do sorriso de quem, afinal, ainda acredita que, algures, além ou em mim, reside o amor e, com ele, a esperança num futuro mais risonho.
Assim, vagueio entre o Ocaso e a Aurora, tentando encontrar o rumo certo, qual navegante perdido no mar buscando a orientação celeste.
Encontrá-la-ei?
Rosália, 06/01/2009
Mesmo quando tudo parece ruir à nossa volta e o tempo não chega para que nos tenhamos, há sempre aqueles momentos em que palavras por outros ditas e cantadas espelham o que vejo, sinto e vivo, quando respiro, observo e espero.
Muitas vezes queria não sentir o que sinto, na vaga hipótese de que talvez assim os dias e o tempo fossem menos cheios de ti e mais de mim; porém, se tal não acontecesse, que sentido em tudo o que já vivemos e como ambicionar pelo que o futuro ainda nos pode trazer?
Rosália, 04/01/2009
Imortais
Mafalda Veiga
Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
Sem perguntar a que é que tem direito
Sem lhe importar o que nos faz sentir
Eu sei que ainda somos imortais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se o meu caminho for para onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes
É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu te sei dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer
Por mais que a vida nos agarre assim
Nos dê em troca do que nos roubou
Às vezes fogo e mar, loucura e chão
Ás vezes só a cinza do que sobrou
Eu sei que ainda somos muito mais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se a minha vida for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes
É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu sei te dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer
Por estes dias, eis uma das canções que faz parte da banda sonora ideal para recuperar da gripe que comigo se despediu de 2008 e saudou 2009 também na minha companhia :). Há melodias que não precisam de ser uma obra de arte ou geniais. Basta trazerem um pouco de paz e serenidade ao quotidiano...
Rosália, 02/01/2009
If You Were A Sailboat
Katie Melua
If you're a cowboy I would trail you,
If you're a piece of wood I'd nail you to the floor.
If you're a sailboat I would sail you to the shore.
If you're a river I would swim you,
If you're a house I would live in you all my days.
If you're a preacher I'd begin to change my ways.
Sometimes I believe in fate,
But the chances we create,
Always seem to ring more true.
You took a chance on loving me,
I took a chance on loving you.
If I was in jail I know you'd spring me
If I was a telephone you'd ring me all day long
If was in pain I know you'd sing me soothing songs.
Sometimes I believe in fate,
But the chances we create,
Always seem to ring more true.
You took a chance on loving me,
I took a chance on loving you.
If I was hungry you would feed me
If I was in darkness you would lead me to the light
If I was a book I know you'd read me every night
If you're a cowboy I would trail you,
If you're a piece of wood I'd nail you to the floor.
If you're a sailboat I would sail you to the shore.
If you're a sailboat I would sail you to the shore
Foi recolhido por o pensarem cachorro. Pequenino e mais dócil do que um bebé, foi novamente abandonado quando revelado o seu verdadeiro estado (sénior, com uma idade de entre 12 a 14 anos, no mínimo e com múltiplos problemas de saúde). Contactada para tentar encontrar-lhe uma família, ofereci-me como FAT (família de acolhimento temporário).
Depois de uma destartarização e de uma castração, descobriu-se, entre outros problemas, uma anemia não regenerativa e que padecia de Addison (falta de cortisol no organismo). O prognóstico, mais do que reservado, era mau... Chegou-me a ser sugerida, por mais do que uma vez, a eutanásia. Perguntei a quem de direito se ele estava em sofrimento. Após alguns exames, foi-me dito que não e que a apatia que demonstrava podia dever-se às deficiências que o afectavam... Assim sendo, a hipótese sugerida nem sequer foi tida em mais consideração. Além disso, o pequenote mostrou-se um valente lutador, mais do que merecedor de uma segunda oportunidade.
Hoje, seis meses depois, em Janeiro de 2009, o Koala continua a ter as suas dificuldades. É surdo (como tal, fã incontestável das bandas de heavy metal) e sofre de cataratas bilaterais (a vista esquerda está irremediavelmente perdida)... Contudo, experimentem abrir uma cuvette de paté ou dar-lhe a cheirar uma rodela de chouriço... mas tirem os dedos do caminho. Quem avisa ;)...
Quem o vê, pensa que tenho um cachorrinho ao colo, não um sénior já com uma provecta idade canídea. Quem o observa sempre parado, pensa que ele já não tem nada a oferecer a esta vida, mas engana-se. Quem lhe pega ou se chega mais perto para lhe fazer uma festa, admira-se com o seu aspecto rechonchudo e os seus já quase sete quilos de peso. Claro, escusado será dizer que não demorou muito a que passasse de FAT a FAP (família de acolhimento permanente). Como resistir a quem me ensinou mais do que muitos mestres? A quem nunca desistiu quando quase todos desistiram dele?
O Koala ensinou-me que a vida é feita de oportunidades, coragem e perseverança. Só temos de as agarrar e seguir em frente... e se de caminho aparecerem mãos (ou patas) amigas que nos dêem uma forcinha, bem-vindas sejam e que nos acompanhem então rumo ao nosso destino.
Com isto, e rodeada pela minha grande "famelga" de quatro patinhas, deixo-vos o meu desejo de que 2009 seja pleno de luz, harmonia, felicidade e, acima de tudo, entendimento e compreensão entre todos nós e quem nos rodeia, um dia após o outro, nunca esquecendo que cada novo dia é uma bênção, novinha em folha e que nos permite ter a possibilidade de recomeçar e lutar pelo que mais queremos e desejamos.
Um abraço apertado e beijinhos, com umas turras valentes aqui do meu velhotinho à mistura.
Rosália, 01/01/2009
Os meus cantinhos