... há por aí umas quantas pessoas um tanto ou quanto aborrecidas e até com uma certa "dor de cotovelo" por me saberem de férias.
Ok, está certo. Acreditem que têm a minha simpatia e, sim, até vos compreendo. A sério! Compreendo mesmo!
Agora, ao terceiro dia de férias, ficar sem carro, sem mais nem menos, porque ele simplesmente parou e não anda mais...
Por favor! Desejos de chuva, vento e mau tempo eu ainda entendo... mas dá para deixarem o meu Boguinhas em paz?
Aqui a dona agradece... até porque já está farta de caminhar para a oficina, primeiro em Outubro, depois em Dezembro, mais tarde em Abril e, agora, tê-lo paradinho... a alguns quilómetros da porta de casa... não dá mesmo jeito nenhum!
Ah! Muito menos jeito dá quando o amigo que vai tentar ajudar aqui a je a descobrir o que se passa, ao trazê-la a casa, fica com o próprio carro empanado (exactamente com os mesmos "sintomas") a apenas 100 metros da sua casa.
Yo no creo en brujas, pero que las hay... hay!
Rosália, 28/05/2009
... há que aproveitar para dar aso ao gosto pela leitura (cada vez maior).
Começado está o romance histórico de María Pilar Queralt del Hierro, Memórias da Rainha Santa, uma surpresa fascinante e que me deixa perdida por entre uma narrativa fluida, rica e viva, mergulhando-me nos idos da nossa História e tornando-a presente a cada palavra.
Aguçada fica a curiosidade para os outros títulos desta autora já publicados entre nós e que ainda não tive sequer o prazer de folhear: Eu, Leonor Teles, A Dama Maldita (2006) e Inês de Castro (2008). Creio que, a seu tempo, deles desfrutarei.
Seguem-se-lhe Querido Ollie e Uma Vida de Cão (aquisição do último fim-de-semana), que prometem. O último é da autoria de John Grogan, o "pai" do agora mais do que famoso Marley e Eu.
Por aqui passarei entre leituras, nem que seja para vos deixar um pouco de sol e calor deste fim de Maio ainda mais sabor a Outono do que a final de Primavera.
Boa semana!
Rosália, 26/05/2009
Nestes últimos tempos, entre as perdas consecutivas dos meus melhores e mais queridos companheiros de quatro patas, as confusões habituais no trabalho (quem as não tem, verdade?) e tantas outras coisinhas que, juntas, formam uma (para mim) assustadora bola de neve, que gira e gira, crescendo e rolando sem parar... até àquele momento do dia, ou melhor, do final do mesmo... da noitinha, muitas vezes madrugada dentro, em que finalmente cedo e concedo ao corpo físico o merecido descanso, não tem sido fácil desligar.
A mente insiste em teimar, em não se deixar adormecer, continuando, veloz e furiosamente, a esquadrinhar por entre as mil e uma coisas que trago sempre comigo...
Como lidar, então, com uma parte de nós para a qual não existe um interruptor, chamemos-lhe assim, que teima em permanecer alerta, noite após noite, privando-nos do descanso de que, afinal, precisamos para podermos enfrentar o dia-a-dia?
Bem, nestes últimos tempos, acabou por funcionar a retoma de um velho hábito das minhas infância e adolescência, tantas vezes interrompido, mas ao qual, como se de uma filha pródiga me tratasse, acabo sempre por regressar: o livrinho (ou livrão) ali discretamente pousado no canto inferior direito da mesa-de-cabeceira.
Às vezes, passam-se meses sem que lhe pegue, outras tantas leio antes no sofá, no carro, na minha hora de almoço, numa saída para um café ali no coração da vila, numa tarde de domingo em que só me apetece fugir, nem que seja por um bocadinho, deste mundo louco em que vivemos...
Ainda assim, acabo sempre por voltar ao velho hábito de, após me enroscar devidamente e ajeitar as almofadas, pegar naquele volume que me espera e perder-me por entre suas páginas, sejam em tom de marfim, ou tão alvas e brancas que ferem a vista quando a luz é um pouco mais forte.
Entre estas duas últimas semanas, dois livros marcaram as minhas noites, os meus dias e, até mesmo, a minha vida... São duas obras que nada têm a ver uma com a outra, cuja temática é tão díspar quanto ficção e realidade, mas cujo âmago me arrebatou, no sentido literal da palavra.
Não sou a melhor pessoa para aqui efectuar uma resenha, ou sequer uma recensão (muito menos crítica) de ambos (até porque ainda estou a acabar o segundo), mas não quis de deixar, neste meu cantinho, de publicar, por uma vez, algo que vai além dos meus gostos que já dei a conhecer e, quem sabe, recomendar mesmo a quem por aqui passa pelo menos uma espreitadela a cada um...
Começo por As Memórias do Livro (People of The Book, no original), da autoria de Geraldine Brooks, vencedor do Prémio Pulitzer. Mais do que o prémio, este livro cativou-me pela forma, quase displicente, entre o discreto e o esquecido, como se encontrava pousado num carrinho de arrumações, distraidamente deixado entre as estantes de uma grande cadeia de livrarias, pela qual gosto de efectuar um longo e demorado périplo, ainda que, quase sempre, o tmpo para me demorar um pouco mais ou mesmo adquirir algum volume seja escasso, muito escasso... Ainda assim, estávamos no Natal e decidi oferecer-me uma prenda. Afinal, também mereço!
Aquele volume, com uma curiosa encadernação repleta de motivos (só mais tarde compreendidos) que pareciam não ter qualquer ligação entre si, cativou-me... Peguei-lhe, pesei-o (sim, os livros também se pesam... especialmente pelo peso das palavras e o modo como estão escritas), folheei-o e, finalmente, quando já estava quase convencida mas ainda faltava um pequeno nada, esse atingiu-me quando li a sinopse. Não hesitei mais e, no dia 25 de Dezembro de 2008, este foi o meu presente... o melhor, concluo agora.
Algum tempo mais tarde, iniciei a sua leitura e, como já suspeitava, perdi-me entre as histórias, as descrições e a riqueza dos pormenores, a leitura fluida e escorreita (quase sem erros e pouquíssimas falhas de tradução perceptíveis), a ficção sabiamente enleada na realidade de uma história que é, afinal, sobre o próprio livro, enquanto objecto e marco na História do Homem e de períodos marcantes da própria Civilização... Embora interrompida, mormente por tudo quanto se sucedeu, retomei-a há duas semanas e não mais consegui parar até à última palavra, da última frase, na última linha da última página... Conseguirei aguçar-vos o apetite?
À minha espera, tinha já outros três desafios... dois sobre animais de estimação e um outro de temática religiosa.
Não sei se por ainda ter muitas saudades do meu Trinca, se por o gato da capa me fazer lembrar o meu doce gato (naqueles que terão sido os seus mais jovens e áureos tempos), optei pela história de Dewey Readmore Books, o gato-bibliotecário, cuja história merece ser lida de fio a pavio, não por ser a história de um gato (que as há muitas... a começar pelas que tenho em casa), mas acima de tudo por ser a história (real) de pessoas, de vidas, de uma comunidade e de uma cidade que se recusa a vergar e perecer.
Podem descobrir mais sobre o que aqui vos revelo em Dewey O Gato que Comoveu o Mundo (Dewey The Small-Town Library Cat Who Touched The World, no original), da autoria de Vicky Myron, com Bret Witter. Depois, se vos apetecer averiguar se, afinal, as coisas eram mesmo assim, façam uma pequena pesquisa à moda do nosso simpático dr. House (Well, google it!) e... deliciem-se!
Por agora, aqui deste lado, perto de concluir esta prazenteira leitura, aguardo por dias mais sorridentes e calorosos, à semelhança dos quentes tons de açafrão das páginas da Hagadá de Sarajevo ou das sestas de Dewey na caixa dos impressos para os impostos dos contribuintes de Spencer.
Até lá, continuação de boa semana e, se for o caso, boas leituras!
Rosália, 21/05/2009
Mesmo que não estejas aqui presente, fisicamente, ao meu lado.
Ainda que já não recorde com exactidão os traços do teu rosto ou o tom da tua voz, ou sinta já o calor do toque das tuas mãos na minha pele.
Todos os dias são teus, minha Mãe, assim mesmo, com letra maiúscula, com saudade imensurável e emoção além do que as palavras conseguiriam transmitir.
Maio era o teu mês, aquele em que se assinalavam os dias da Mãe e o da Mulher que me gerou, deu à luz e, mais importante do que tudo o resto, me amou incondicionalmente, além de todas as minhas virtudes, vendo bem todos os meus defeitos, amparando-me nos bons e nos maus momentos e oferecendo-me um exemplo de força e coragem a cada dia vivido.
Hoje, como ontem e amanhã, sinto a saudade apertar bem fundo e só peço que, um dia, possa talvez ser finalmente tudo quanto sonhaste e desejaste para que, finalmente, tenhas orgulho em mim.
Amo-te muito, minha Mãe... hoje, como ontem e amanhã.
Rosália, 03/05/2009
Os meus cantinhos