Uniram-se duas almas e dois destinos, duas vidas.
Teve início uma vida em comum e o aprofundar de uma história de amor começada alguns anos antes, para sempre registada na forma de cartas idas e vindas do Ultramar, ainda hoje cuidadosamente guardadas em maços selados com fitas de seda, envoltas num singelo pano e guardadas no fundo da arca do enxoval, talhada em cânfora.
Dos anos comuns, houve de tudo um pouco e, seis anos passados, o amor de ambos frutificou sob a forma de uma criança há muito desejada.
Esta história terminou abruptamente, com a morte dele, mas o amor, esse, perdurou para sempre.
Ela juntou-se-lhe alguns anos depois e, quero acreditar, estão novamente juntos e libertos de todo e qualquer sofrimento, de qualquer sentimento menos bom, partilhando tudo quanto de bom ambos possuíam e olhando pela criança já adulta, que entretanto pronunciou o mesmo "sim" e persegue agora o sonho que, um dia, foi o deles: concretizar um amor lindo sob a forma de uma criança.
Há 43 anos, os meus pais casaram e a minha vida começou a desenhar-se no abstracto do seu amor e dos seus pensamentos.
Concretizou-se fisicamente há quase 37.
Hoje, quero dar-lhes os Parabéns e vê-los sorrir, senti-los felizes no meu coração, na certeza de que esta vida que juntos criaram os honrará para sempre, agradecendo-lhes o dom que é poder apreciar cada dia, cada momento e, acima de tudo, saber ser feliz.
Rosália.
Os meus cantinhos