Vela o desejo de um toque quente, o anseio pelo refúgio que só o calor da pele concede.
Ecoam as palavras mudas, pronunciadas entre gestos quedos e tranquilos que só a cumplicidade de uma intimidade de há muito sentida e tida permite, aquela que desvendámos desde o primeiro instante.
Nada te peço e tudo te entrego, enquanto no silêncio se escuta o poema de uma melodia perfeita.
Rosália, 29/09/2007
(Jorge Palma)
Encosta-te a mim, Tudo o que eu vi, Encosta-te a mim, Tudo o que eu vi,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Os meus cantinhos