Este é o meu refúgio, o meu abrigo. Aqui espelho o meu eu, sob a forma dos meus pensamentos feitos palavras...
Quarta-feira, 21 de Março de 2007
No jardim

foto_primavera_304.jpg

Subitamente, perco-me no jardim, por entre canteiros repletos de flores, cujas cores vivas e brilhantes anunciam uma vez mais o recomeço de toda a Vida na Terra. Ao largo, os troncos e ramos das majestosas e imponentes árvores, quase todas mais velhas do que eu, cobrem-se de pequenos e verdes rebentos. Quando era pequenina, a minha mãe contemplava-os e dizia-me que, na sua infinita sabedoria, a mãe-Natureza mostrava assim ao Homem que na vida tudo tem um começo e um fim. Confesso que, na altura, pouco ligava a tais palavras, mas relembro-as muitas, muitas vezes e reconheço-lhes aquela razão que só sabemos existir quando quem no-la transmitiu quase sempre já não está entre nós.


É entre cores floridas e verdejantes que contemplo também as crianças que, felizes e exuberantes, brincam livremente sob um sol cálido e acolhedor e o olhar embevecido de quem as acompanha. Possuem uma energia que parece não terminar nunca. Riem, gritam, correm, saltam, balouçam, pulam. São crianças e, tal como as novas flores e os pequenos rebentos, também elas me lembram o que já fui e o que hoje sou, por entre um travo agridoce e uma pontada de saudade quando recordo o olhar terno e carinhoso de quem me acompanhava e já não está comigo aqui, ao meu lado.


Por momentos, perco-me de mim e a minha alma vagueia. O meu olhar vai além da candura e fragilidade das flores do canteiro que me está mais próximo e encontra o azul do céu, numa lembrança sentida da cor do teu olhar meigo que já não vejo há muito. Como gostava de poder estar agora contigo, partilhar este momento de paz e tranquilidade, sentir a serenidade do ar, poder...


- Tia! Tia, vem empurrar-me no balouço! - A vozinha da I., do alto dos seus quase seis anos, arranca-me ao breve torpor que, por momentos, me levou para bem longe.


- Tamém quéio! - reclama o R., meia-leca de três anos cuja energia não se esgota. - Tamém quéio!


- Sim, meus amores. Vá, venham lá. Com juízo! - Por momentos, tudo volta à normalidade.


Ou não!


- I. não puxes o mano! R. não empurres a mana! Meninos...


Rosália, 21/03/2007



publicado por scorpiowoman às 00:54
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