Não sei porque me sinto assim, uma angústia agridoce no peito, uma emoção toldada no pensamento, um olhar perdido no vazio do horizonte há muito envolto na escuridão da noite.
Não sei porque teimo em pensar no que não posso ter, apenas sonhar alcançar, como nos sonhos que me embalam as noites e me fazem sentir menos só.
Não sei porque escrevo mas há-de existir uma razão para tal, ainda que não a vislumbre.
Não sei...
Apenas recordo, a cada instante, os ternos momentos plenos de doçura e imensurável carinho...
Eu não sei, mas houve alguém que adivinhou e transpôs tudo quanto sinto num poema cuja melodia me embala as manhãs e, algumas vezes, também o final do dia...
Eu não sei...
Diz-me: Saberei alguma vez?
Rosália, 28/09/2006
Foi Feitiço
(André Sardet)
Eu gostava de olhar para ti
E dizer-te que és uma luz
Que me acende a noite
me guia de dia e seduz
Eu gostava de ser como tu
Não ter asas e poder voar
ter o céu como fundo
ir ao fim do mundo e voltar
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço! O que é que me deu?
para gostar tanto assim de alguém como tu
Eu gostava que olhasses para mim
E sentisses que sou o teu mar
Mergulhasses sem medo um olhar em segredo
Só para eu te abraçar
O primeiro impulso, é sempre mais justo
É mais verdadeiro.
E o primeiro susto, dá voltas e voltas
Na volta redonda de um beijo profundo
Os meus cantinhos