Caminho a passos largos, velozmente, tentando alcançar o fim deste caminho penoso que há muito trilho.
Na berma, deixo a dor das desilusões, dos esquecimentos, do usufruto e do abandono.
Naquele amontoado além, empilho todas as mágoas e os ressentimentos marcados neste corpo cada vez mais exangue e gasto.
Nos troncos das parcas árvores que me acompanham, gravo as lágrimas em forma de gotas de resina que derramei por todas as recusas que deveria ter firmado e não tive coragem sequer de ousar pronunciar.
Nas folhas caducas, as minhas memórias e lembranças que não mais restarão do que naqueles breves instantes da passagem do vento outonal.
Eis que chego ao fim.
Paro.
Sobressalto-me.
Sem saída.
Nada me resta a não ser eu.
Sem saída?
Talvez...
Terei coragem?
Quem sabe?
Sem saída...
Até ao grito final.
Rosália
06 de Setembro de 2006
Os meus cantinhos