Fez na passada sexta-feira oito dias que, ao preparar o jantar para um convidado inesperado, me deparei com o pedido, pela voz do meu amor, de uma vizinha minha para acolher, por aquela noite, um gatinho quase bebé que aparecera perdido à porta do prédio. Tinha sido encontrado pela filha dela, muito assustado, a miar à porta.
Como poderia recusar? Disse-lhes que trouxessem o pequenote e logo veríamos como iriam os nossos reguilas reagir. No instante em que chegou o conviva, bateu também à porta a filhota da minha vizinha e foi então que o vi: um pequenote tigrado, lindo de morrer, a miar assustado e que, quase literalmente, voou para o meu peito e se aninhou de imediato. Não devia ter mais de um mês e meio, no máximo dois. Sentado, cabe na palma da minha mão, a mesma com que consigo pegar-lhe assim que tenta trepar para pedir mimos. Esta foi a parte mais fácil... Restava apresentá-los aos restantes anfitriões!
Lentamente, depois de acalmá-lo, pousei-o sobre o meu colo e deixei o Merlim aproximar-se. Reacção imediata: bufadela como quem diz "quem és tu? esta casa é minha!". O pequenote não se intimidou: Ergueu-se nos quartos traseiros e assentou uma patada bem no centro da cabeça deste gatão com sete quilos de peso que, de espanto, ficou sentado a olhar para ele, antes de decidir-se a ir resmungar para outra freguesia!
O meu amor e o nosso Pankadas começaram logo a dizer que era má ideia, que não íamos dormir, que os outros gatos iam fazer picadinho deste e eu ia ter um desgosto, que já tínhamos quatro gatos e cinco seriam demais... Deixei-os falar e pensei para comigo "é só dar-lhes tempo e vai correr tudo bem!". Se bem o pensei, melhor o fiz: ao fim da noite, o nosso hóspede já tinha encontrado um amigo junto do Pantufinhas, que se tornou no mestre de cerimónias pela casa, no companheiro de brincadeiras e guardião perante os restantes pestinhas.
No dia seguinte chegámos à conclusão de que o pequenote teria sido abandonado, pois mesmo depois de percorridos todos os prédios daqui da zona ninguém o reclamou como seu. Escusado será dizer que, entretanto, já me havia apaixonado pelo pequeno diabrete que, a meio da noite, decidira ir dormir enroscadinho em mim e com a cabeça pousada ao lado da minha, ambos aninhados na mesma almofada.
Baptizámo-lo nesse mesmo dia: Kiko, com a alcunha de Rambo (pois não se deixou ficar sempre que os outros lhe quiseram "bater") e, neste momento já faz (quase) parte da família. Estamos os dois a tentar convencer o dono definitivamente (o Kiko, assim que o Paulo se senta no sofá, vai-se enroscar no colinho dele a ronronar e a pedir miminhos, miando quando não tem as festas que entende merecer - vejam bem a foto; eu... bem, eu tenho outras "armas" ;) ), uma vez que da Brida (não facilita muito, mas já o deixa enroscar-se ao lado dela) ao Merlim, passando pelo Pantufinhas e pela Pataró, já todos se deixaram conquistar por este pequenote terrorista!
Bem-vindo a casa Kiko :D... Foste uma rica prenda de anos atrasada!
Beijos a todos e boa semana!
Rosália ***
Os meus cantinhos