Este é o meu refúgio, o meu abrigo. Aqui espelho o meu eu, sob a forma dos meus pensamentos feitos palavras...
Quarta-feira, 9 de Março de 2005
Navegando
Por vezes, sinto que estou só, num enorme navio à deriva, rodeada pelo oceano infinito, sem mapas nem cartas marítimas por onde me guiar, desprovida de astrolábios e sextantes que me orientem quando olho para o magnífico céu estrelado que se estende lá no alto, enquanto a lua brilha, redonda, plena e imensa, em todo o seu esplendor. Do alto do convés, caminhando lentamente em direcção à proa, contemplo este cenário como se de uma mera espectadora me tratasse, escutando o sussurro suave e contínuo das ondas que me rodeiam e me fazem viajar no seu dorso, vestida apenas pela espuma branca e rendilhada.
Olho para o lado em busca de algo ou de alguém que me faça sentir um pouco mais segura e confiante. Quando menos espero, lá estás tu, calmo e sereno, olhando ternamente para mim. Quantas vezes é essa tua atitude tranquilizante e pacífica que me devolve a serenidade ao espírito, o brilho ao olhar assustado, que então se acalma. O rumo perdido é de novo encontrado e, ainda que pouco visível ou mal delineado, sei novamente por onde devo enveredar.
Ao teu lado a vida ganha outro ritmo, mais calmo e doce, que parece tornar tudo o resto tão mais fácil do que quando estava sozinha. Encontrei o amor, a ternura, o carinho e a paixão. Semeei amizade e companheirismo e colhi o maior amigo que alguma vez sonhei encontrar, o namorado e o marido, amante e companheiro que nunca ousei pensar ter ao meu lado. Encontrei-te a ti, meu amor, só e tão perdido quanto eu. Estendemo-nos os braços mutuamente e no nosso abraço encontrámos muito mais do que uma razão para viver, pois entendemos ambos que é da partilha de nós que nasce a vida de um só e também de ambos, todos os momentos, a cada dia que passa. A promessa de um novo ser está ainda por cumprir mas, como em tantos outros momentos desta minha vida que é também tua e nossa, sabemos ambos que nada melhor do que deixar o tempo passar, continuando sempre a lutar por aquilo que mais desejamos: a felicidade no nosso ninho, no nosso lar. Por isso sei que, ainda que me veja à deriva no oceano, terei sempre uma estrela para me guiar, que é o teu amor.
Estou feliz ainda que, por vezes, me sinta tão só como quando realmente o estava. Todavia, nesses momentos menos bons, em que tudo parece falhar (seja por causa do trabalho, seja por nos desentendermos acerca de algo), sei que estás ali, sempre comigo, bem dentro do meu coração, que, a cada batida, sussurra e ecoa o teu nome no espraiar da espuma de cada onda do oceano...
Rosália
meu amor
tu navegas neste oceano mas tens sempre um marinheiro que vai estar ao teu lado e que sempre te vai amar.
mas até este marinheiro de vez em quando precisa navegar sozinho na sua vida, e deixar a sua sereia um pouco sozinha mas sempre com ela sabendo que ele te ama.
beijos minha sereia, amo-te
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